"Caudais de sangue desencadeados"
Caudais de sangue desencadeados
Pela injustiça milenária
A força bruta
O rio
Passam a chamar-lhe
História
Caudais de sangue
Entrecortados
Por uma luz que a injustiça
E a força bruta
Não conseguiram nunca
Contaminar
As linhas não se encontram
O contraponto
Não existe
Universos
Completamente alheios
Um ao outro
Os caudais de sangue
Prosseguem
Desaguam na história
E no que passaram a chamar
De progresso
Não há redenção
Voltado para a luz
Há outo plano
Há o crescer da árvore e do poema
O florir do amor
Irmandade imensa
Milenariamente
Escorraçada
Sobrevivendo apenas
Na ocultação profunda
Mesmo quando brilha
De dentro
Para todos os lados
Londres
6-7 de Agosto 90
Alberto de Lacerda, Átrio (1997)