A CAÇA
Vive longe, para além das muralhas da cidade.
Suas mãos jamais seguraram um livro,
sabe apenas caçar, é ágil e valente.
Monta um possante cavalo das estepes
e, no Outono, parte orgulhoso à desfilada,
seu chicote dourado roça a neve, estala no ar,
ele grita ao falcão e parte à aventura.
Seu arco, uma meia-lua, jamais falha o alvo,
abate dois grous com una só flecha.
Quem o vê circundar o lago, afasta-se receoso,
sua reputação inspira temor nos confins do deserto.
Para quê envelhecer entre os livros da biblioteca?
Os letrados não valem o bravo nómada da planície.
Poemas de Li Bai
(versão de António Graça de Abreu)