Há um sabor gostoso da manhã nesta mancha de gente que procura animar a cidade que a não vê. A cidade que pensa que a cidade é só daqueles que nunca acordam cedo e alugando um polícia para cada medo conseguem saturar esta cidade imensa da sua vadiagem tola e vã.
Passam crianças pálidas, cansadas, com os livros na mão, a pasta ou nada. Nem parecem crianças a passar. Há na indiferença triste daqueles passos a vaga acusação de terem estado um doloroso verão ou a fingir ou a estudar. (E algumas não comeram sequer ao abalar).
Eu sei que a rota já virou; a minha: um último cansaço, um último impossível esforço do meu braço.
O corpo inteiriçado pra aguentar o leme. A vela da ilusão tão retesada, tão grávida de força, que a nau é dominada.
O coração não teme. Está tudo o que me resta, a dor e a alegria, a força e a esperança, o tempo e a ansiedade, está tudo acorrentado ao barco que protesta.
Eu só queria cantar a terra ensaguentada mas sagrada, corpo e alma carne e sangue do senhor; tão real, tão igual e tão perfeitamente como está neste céu de sacrifício e dor, como está neste céu de martírio e de cor, como está neste céu de delírio e de amor.
Queria cantar o povo, o deus crucificado em todos os momentos, em todos os tormentos, ressuscitado continuadamente no santo sacrifício de ter força e fé nos corações.