Como por uma fenda no tempo
diviso as sombras do que vem depois,
e tenho medo de dizer que entendo
o que está escrito para lá de agora.
E tenho medo como uma criança
que nem do que é agora sabe nada,
por isso me assusta esta esperança
de ver romper a madrugada.
Navegantes do céu e das estrelas,
dizei-me, ao menos uma vez,
não mais as canções belas,
mas apenas se o que será
é tão como o que vejo
pela fenda no espaço,
pela fenda do desejo...
E. M. de Melo e Castro