Estes soldados de azul passaram para baixo
a ganga frenética, os olhos com ferrugem de rio.
As botas batiam no solo ao som da música,
havia as árvores em fuga e os pássaros,
uma criança de caracóis (o bibe verde...)
levantava voo no açúcar de um sorvete.
Máquinas festivas tecidas de pulmão e trevo
a infância chegava em estátua de barro
um cheiro musguento a uvas e
os trombones subiam na rede, as flautas
rasgavam o medo, as mãos ágeis poisadas
em abeto imaginário: o coração à solta.
Estes corpos suados e com galochas
trazem sargaços no tocar: há uma salsugem
solitária a muitos, beijos de sal que
(rompendo os saxes) adoçam os gestos,
desfazem a mínima gravata e atingem a água
com radar de serpente, água música.
Charanga de metal e sustos onde a pedra rei é mulher
e os soldados vingam-se em saliva de sons.
-- Quem deitou fogo ao piano que não há?
Fernando Grade