28
Nov 11

STARS FELL ON ALABAMA

Cannonball plantando o tema

bala de som

redondo e reto

brilho de balão.

 

Nós e o nosso drama

beijo em campo branco

coração martelo

e lá no centro

eu e você.

 

Cannonball colhendo tempo

som canhão de pesadelo

no rosto o sopro negro

«dos combates que vão dentro do peito».

 

Estrelas caindo aqui

ontem, a noite

plano imaginado

e lá no centro

Cannonball arde por dentro.

 

Frederico Barbosa

publicado por RAA às 12:46 | comentar | favorito
08
Nov 11

TENDERLY

Claro

som

sem

brumas

redescobre

Debussy.

 

Incerto azul

de bardo

índigo

Mallarmé

desperto

ecoa.

 

O fauno é outro

e se levanta

em clarinete

sobre a lagoa

mar Ellington piano.

 

A orquestra é uma cobra

ninfa seduzida

à sua volta

o clarinete

olhos abertos

evoca vento

acorda e nos devora.

 

Frederico Barbosa

publicado por RAA às 14:58 | comentar | favorito
10
Out 11

ALL OR NOTHING AT ALL

Tudo ou todo nada,

pedra ou furo d'água,

feito cada palavra,

lança, dardo, ferida,

em cheio nada.

 

De nada em nada,

o se-dizer do tudo,

feito risco na água,

onda, contorno,

reflexo de nada.

 

Nada feito nada,

no poema

nõ há termo meio,

meio-amor, meia palavra.

 

Do sem

sentido intenso

se faz um tudo atento,

feito a palavra

em cantada,

 

nada

feito

nada.

 

Frederico Barbosa

publicado por RAA às 12:47 | comentar | favorito
09
Set 11

STELLA BY STARLIGHT

Quem viu estrelas
ouviu aquelas
perdidas vias velhas:

O som do rio aflito
a tarde triste em guarda
a penumbra arde em arrebol
a sinfonia astral amarga
o rouxinol perito provençal.

O som é tudo o que se adora
é tudo isso e muito mais:
um tema grego antigo
Stella By Starlight
lua trançada no cabelo
voz de desconcerto.

Tontura alta dos amantes
dribla dentro explode em canto.

Frederico Barbosa
publicado por RAA às 11:12 | comentar | favorito
23
Ago 11

IN A SENTIMENTAL MOOD

Aquele piano cama

evita levitar.

Geometria acesa
máquina
porta reta aberta
ao ponto
discreto inequilíbrio
plano
da euforia precisa
sentir pensar.

Sempre paraíso
feito completo
portátil por perto
riso ao sol perfeito
seu beijo como piano
como clima som desejo.

Aquele piano
na cama
sós
é vida
a se excitar.

Frederico Barbosa
publicado por RAA às 14:12 | comentar | favorito
01
Jul 11

SOLITUDE

A cadeira ainda espera
no seu canto.

Há dias que é só cair
sem sentido ou movimento.

Ella em prece
Barney no lamento.

Há dias que só
desmaio de tempo.

A cadeira desespera
noite canto.

Ella em prece
Barney no lamento.

Frederico Barbosa
publicado por RAA às 11:06 | comentar | favorito
14
Jun 11

BALLADE

A mansidão vasta
de um tenor
à moda antiga:
com calma e corpo
lentos
medindo os passos
com rigor.

A resposta imediata
de uma ave alta
que brincava de escapar:
rasgando os trilhos
tensos
em risco calculado
a jato.

A volta do velho toque
desafiado trovador
máquina enfurecida:
que brinca de controlar
medindo os riscos
lentos tensos
em trilhos construídos
com rigor a jato.

Frederico Barbosa
publicado por RAA às 11:05 | comentar | favorito
26
Mai 11

NIGHT IN TUNISIA

Um piano corre solto
como um louco no deserto.

Cada palavra em pó se espalha
a noite cai como um consolo.

Treme túnica rouca
na aventura dessa estrada.

Um murmúrio exato enterra
no deserto a noite clara.

Palavra vaga e falha
um noite em lua brada.

Trama toada louca
na raia atormentada.

Um sábio exótico se devora
enquanto o sol chove lá fora.

Frederico Barbosa
publicado por RAA às 11:15 | comentar | favorito
16
Mai 11

MOONLIGHT IN VERMONT

Pérolas às poças,
telegramas na água.
Encontros românticos
sob folhas de luar.

Venenos de Verlaine
espelhadas em Vermont.
Ventos de outono no verão,
raios de neves marrom.

Uma letra é uma letra,
mas a voz Ella penetra
em flecha a nota certa.

Encontra a rota aberta
no rio das notas Oscar,
ar que a luz-voz refresca.

Frederico Barbosa
publicado por RAA às 15:01 | comentar | favorito
28
Dez 10

PERFUMES

1

cheiros cheios
de desejo
perfuram 
veios

Frederico Barbosa
publicado por RAA às 18:44 | comentar | ver comentários (2) | favorito