29
Mar 11

...

Ó noite inolvidável
Feita abraço
Que nos misturou inteiramente
Até que o dorso da treva se vergou
E na face da idade embranqueceu.
Foi então
     Que o manto fino da brisa
     Tapou teus ombros, ó Noite,
     Com a delicadeza do orvalho.

Ibn 'Abdun

(Adalberto Alves)
publicado por RAA às 14:27 | comentar | favorito
21
Mar 11

...

Regaram-no as chuvas da abastança:
E saudosas frases me vêm à lembrança.

Cumes cobertos de moitas floridas
De bordados mantos sendas não esquecidas.

Sim, como esquecer-me das horas passadas
No tropel louco de ingénuas cavalgadas?

Ai como era doce esse meu folguedo,
Passarinho à toa esvoaçando ledo.

Dias tão felizes, bordados em flor,
Vento em minhas vestes murmurando amor.

Ibn 'Abdun

(Adalberto Alves)
publicado por RAA às 15:19 | comentar | favorito
30
Set 10

...

Eles lá vão, dando à noite brasa,
Das vestes do sono despojados.

Com húmidas penas e penugem de asa
Corvos da treva os têm abrigados.

Do nocturno ventre ao dorso do dia
Ascendem possuídos de tenaz alento.

Que têm para o medo e para a noite fria?
Couraças de treva, garanhões de vento.

Se perdidos fossem na noite cerrada
O fulgor de 'Umar mostraria a estrada.

Ibn 'Abdun

(Adalberto Alves)
publicado por RAA às 23:47 | comentar | favorito