OS HOMENS DA MINHA RUA DE CASAS DE MADEIRA
Os homens da minha rua de casas de madeira,
telhadas de folha velha,
usam sempre o chapéu atirado para os olhos.
Deslizam em silêncio, embuçados e tristes,
como quem vem de longe, como quem vai para longe...
A minha rua é longa,
com mil e uma pequeninas poças de água.
E tão estreita
que nunca o sol das ruas largas sem casa de madeira
a pôde visitar.
E os homens contam as poças.
E de olhos nas poças, nas pedras, nas poças,
deslizam em silêncio, embuçados e tristes,
como quem vem de longe, como quem vai para longe...
Porque usarão -- porquê? -- sempre o chapéu sobre os olhos,
os homens da minha rua de casas de madeira?
Mário Dioníso,
Poemas