02
Jun 11

JÚBILO

Há um presságio de júbilo
à sua beira, um tecido
na trama do contrário

Uma rosa de mar
na sua esteira, uma espécie
de ardil em seu afago

Um modo
Um todo
Uma maneira

De misturar
o doce
e o amargo

Maria Teresa Horta
publicado por RAA às 12:24 | comentar | favorito
02
Abr 11

PENUMBRA FACETADA

arcadas louras
no espanto das
praias
que deusas inclinadas
no flanco da noite
incendiada
ofereciam às luas
no entontecimento
dos lábios

só o esquecimento
nos lagos

candelabros na loucura
de pianos
ansiosamente raros
nos olhos facetados
de penumbra

só o esquecimento
no espelho inicial

esquinas dormentes
nos beijos
que espadas
enviaram ao poente
levemente saqueado
de brisa
precisamente como
duas aves
no mastro principal
do navio

Maria Teresa Horta
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20
Mar 11

MINHA SENHORA DE MIM

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

sem ser dor ou ser cansaço
nem o corpo que disfarço

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

nunca dizendo comigo
o amigo nos meus braços

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

recusando o que é desfeito
no interior do meu peito

Maria Teresa Horta
publicado por RAA às 22:58 | comentar | ver comentários (2) | favorito
06
Out 10

SEGREDO

Não contes do meu
vestido
que tiro pela cabeça

nem que corro os
cortinados
para uma sombra mais espessa

Deixa que feche o
anel
em redor do teu pescoço
com as minhas longas
pernas
e a sombra do meu poço

Não contes do meu
novelo
nem da roca de fiar

nem o que faço
com eles
a fim de te ouvir gritar

Maria Teresa Horta
publicado por RAA às 14:21 | comentar | favorito
23
Set 10

REGRESSO

Regresso para mim
e de mim falo
e desdigo de mim
em reencontro

os pontos
um por um:

o sol
os braços

a boca
o sabor

ou os meus ombros

Trago para fora
o que é secreto
vantagem de saudade
o que é segredo

Retorno para mim
e em mim toda
desencontro já o meu regresso

Maria Teresa Horta
publicado por RAA às 23:58 | comentar | favorito
10
Abr 09

NOITE

De noite só quero vestido
o tecido dos teus dedos

e sobre os ombros a franja
do final dos cabelos

Sobre os seios quero
a marca
do sinal dos teus dentes

e a vergasta dos teus
lábios
a doer-me sobre o ventre

Nas pernas e no pescoço
quero a pressão mais
ardente

e da saliva o chicote
da tua língua dormente

Maria Teresa Horta
publicado por RAA às 03:02 | comentar | favorito