SONETO PLUMÁRIO
No espaço a inquieta pluma rodopia,
rodopia no espaço a pluma inquieta.
Na haste, a gota de sangue da agonia
oscilante no espírito da queda.
O espaço é grande e azul demais para essa
pluma plainando solitária e fria
sob o teto de abril, a coisa aérea,
leve, levada pela ventania
para o chão, aproxima-se suave,
nota de canto, ainda um pouco de ave,
quando afinal termina o giro e pousa,
vê-se que a pluma exânime, caída,
era música e sal, era o gemido
migrante da asa e a lágrima do voo.
Mauro Mota