13
Dez 11

O ENTERRO DA CIGARRA

As formigas levavam-na... Chovia...

Era o fim... Triste outono fumarento!

Perto, uma fonte, um suave movimento,

cantigas de água trêmula carpia.

 

Quando eu a conheci, ela trazia

na voz um triste e doloroso acento.

Era a cigarra de maior talento,

mais cantadeira desta freguesia.

 

Passa o cortejo entre as árvores amigas...

Que tristeza nas folhas... Que tristeza!

Que alegria nos olhos das formigas!...

 

Pobre cigarra! Quando te levavam,

enquanto te chorava a natureza,

tuas irmãs e tua mãe cantavam...

 

Olegário Mariano

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18
Nov 11

O ENAMORADO DAS ROSAS

Toda a manhã, ao sol, cabelo ao vento,

ouvindo a água da fonte que murmura,

rego as minhas roseiras com ternura

que água lhes dando, dou-lhes força e alento.

 

Cada uma tem um suave movimento

quando chamar a minha atenção procura.

E, mal desabrochadas na espessura,

mandam-me um gesto de agradecimento.

 

Se cultivei amores às mancheias,

culpa não cabe às minhas mãos piedosas

que eles passassem para mãos alheias.

 

Hoje, esquecendo ingratidões mesquinhas,

alimento a ilusão de que essas rosas,

ao menos essas rosas, sejam minhas.

 

Olegário Mariano

publicado por RAA às 12:41 | comentar | favorito