06
Abr 11

A NAU DO TEMPO

Esconjuro o feitiço do retorno
e sigo nos meus passos, os meus passos,
alheio aos gritos das marés.
Ainda, nos sinais de toda a praia,
um pedaço de luz que lá ficou
retido numa poça de silêncio...
As raivas apodrecem pelas sombras
e as palavras caem absurdas
nas barcas que perderam o futuro.
As rochas são fantasmas na penumbra
que a madrugada vem despir dos medos
a deixar-nos seguir mais adiante,
como se a «Nau-do-Tempo» lá ficasse
para podermos aumentar o Mundo!

Ulisses Duarte
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26
Mar 11

O LIMITE

Limita-se um país pelas fronteiras;
limita-se a falhar quem não acerta;
limita-se o meu céu a ter três letras;
limita-se o farelo nas peneiras.

Limita-se uma vida ao seu destino;
limita-se o trabalho ao seu efeito;
limita-se o Meu Deus a ser perfeito;
limita-se a ser Deus quem é divino.

Limita-se esta noite se me deito;
limita-se a palavra ao som do ritmo;
limita-se o instinto ao preconceito.

Limita-se esta dor se não a grito;
limita-se o amor depois de eleito;
limita-se uma recta ao Infinito!

Ulisses Duarte
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