11
Abr 11

...

há dezoito séculos que teus olhos de pedra
olham o mar
mar que vem do fundo, do céu enorme, e se imobiliza
a teus pés
quantas vezes, ao longo destes dezoito séculos,
terás querido romper o silêncio,
a magnificência da tua atitude
e descer as escadas até ao lugar do fundo
onde a face de apolo todas as tardes se incendeia
da febre do mediterrâneo
mas aí ficaste
no teu lugar de mármore
corajosamente enfrentando a erosão que te mina
por dentro as vísceras de pedra
vendo as chamas do tempo silenciosamente crepitando
nas aras solitárias
-- minha deusa de sabratha

Vítor Oliveira Jorge
publicado por RAA às 23:35 | comentar | favorito
28
Set 10

...

cosmos,
de que ignoto ponto teu me vem
este desejo permanente de reescrever
o mesmo e único poema,
que siderais geometrias se intersectam em mim,
que efémeras luminescências são estas
que atravessam o meu corpo, e de novo me deixam, cosmos,
frio em frente ao silêncio do teu hálito

Vítor Oliveira Jorge
publicado por RAA às 23:45 | comentar | favorito