VELHA ANEDOTA

Tertuliano, frívolo peralta,

Que foi um paspalhão desde fedelho,

Tipo incapaz de iuvir um bom conselho,

Tipo que, morto, não faria falta;

 

Lá um dia deixou de andar à malta,

E indo à casa do pai, honrado velho,

A sós na sala, em frente de um espelho,

À própria imagem disse em voz bem alta:

 

-- Tertuliano, és um rapaz formoso!

És simpático, és rico, és talentoso!

Que mais no mundo se te faz preciso?

 

Penetrando na sala, o pai sisudo

Que por trás da cortina ouvira tudo,

Severamente respondeu: -- Juízo!

 

Artur Azevedo,

in Evaristo Pontes dos Santos,

Antologia Portuguesa e Brasileira (1974)

publicado por RAA às 16:12 | comentar | favorito